Sob o tema amplo “Religião, mídia e cultura”, o II Congresso Internacional da Faculdades EST pretende refletir a partir das diferentes áreas do conhecimento e, em especial da Teologia, sobre o papel da religião na cultura, assim como sobre o papel da cultura na religião, a partir do contexto latino-americano e brasileiro, nossos dramas e nossas paixões.
No meu país posso detectar a existência de dois impulsos importantes para a compreensão de cultura. O primeiro é o que se poderia chamar de apolíneo. Este depende principalmente da razão, da ordem, da medida, da correção e quase sempre da simetria. Neste sentido a cultura é o que aprendemos nas escolas, na família, nas igrejas por meio de estudo, pesquisa e experimentação transformados num corpo de conhecimento e de doutrinas... [...] Mas há outro impulso cultural muito forte no Brasil. Trata-se do impulso dionisíaco. Este nível de cultura expressa-se principalmente nas classes populares e se relaciona muito mais com as emoções do que com o intelecto. É visível em festivais populares como carnaval, procissões religiosas, partidas de futebol, cultos pentecostais e carismáticos e terreiros das religiões de origem africana. Tais eventos dão ênfase à imaginação, à dança, à fantasia e à música.[1]
[1] MARASCHIN, Jaci. Da leveza e de beleza: liturgia na pós-modernidade. São Paulo: ASTE, 2010. p. 20-21.
[1] MARASCHIN, Jaci. Da leveza e de beleza: liturgia na pós-modernidade. São Paulo: ASTE, 2010. p. 20-21.
Sob o tema amplo “Religião, mídia e cultura”, o II Congresso Internacional da Faculdades EST pretende refletir a partir das diferentes áreas do conhecimento e, em especial da Teologia, sobre o papel da religião na cultura, assim como sobre o papel da cultura na religião, a partir do contexto latino-americano e brasileiro, nossos dramas e nossas paixões. Em especial, queremos olhar esta relação a partir do chamado fenômeno da midiatização da cultura, entendendo a mídia, mais do que mero meio, como mensagem (McLuhan), simulacro e simulação (Baudrillard) do que pressupomos ser a realidade. Em que medida a cultura e a mídia são hoje também uma expressão religiosa? Em que medida a mídia influencia o campo religioso e as suas tradições? O que está embutido nestas relações todas?
Sabemos que esta relação não é uma relação neutra e despretensiosa. Nunca foi. Há claros interesses de toda ordem, principalmente política, econômica, social e religiosa, que determinam as condições e os impactos da relação. Ao mesmo tempo, nos meandros e nas brechas da relação, algo acontece e espaços de resistência podem ser pensados e articulados.
Tomemos como exemplo o evento da Copa da FIFA, no Brasil, que tem o elemento cultural do futebol, e que a mídia diz ser uma paixão brasileira. Em que medida o próprio futebol não se caracterizaria como uma expressão religiosa e, em que medida, a controvertida Copa do Mundo não estaria assumindo aspectos do religioso? O mesmo zelo, esforço e investimento empreendido na construção dos grandes templos medievais, no passado, são usados hoje na construção de arenas e estádios de futebol, por exemplo. Se estas suspeitas empíricas se confirmam, qual seria o impacto deste fenômeno nas religiões institucionalizadas, como a Igreja? O que tem a Teologia, enquanto voz profética, a ver com o futebol, com a Copa do Mundo e tudo o que circula em torno deste evento esportivo, cultural e midiático, mas também comercial e político?
Uma outra questão que o tema carrega. Pensar a religião na interface com a cultura e a mídia, como fenômeno cultural, não é algo novo. Queremos, portanto, mais que isto. Pensar a religião a partir da interface é reconhecer que não temos campos fechados e seguros, apolíneos, como diria Maraschin. Qualquer pensar relevante acontece justamente, dionisiacamente, na interface, na relação, nas beiradas do mundo, na margem da vida. Segundo DaMatta, é impossível pensar cultura, pelo menos no nosso contexto, de forma linear, com um princípio, um meio e um fim. Cabe-nos, sim, a tarefa de nos pensarmos como um drama, complexo, paradoxal, onde papéis se confundem e histórias e dilemas coabitam num mesmo território. O mesmo podemos dizer a respeito da religião. A mídia, parece colocar toda esta complexidade dramática no ar, virtualmente em cena. Por isso, mais do que temas relacionados, queremos pensar os temas na própria relação, nos inter-, trans- e muti-espaços do pensamento e da própria vida, na busca por respostas, sim, mas talvez, principalmente, na busca pelas melhores perguntas.
Queremos refletir estas e tantas outras questões que o tema nos faz pensar no II Congresso Internacional da EST. Organizamos para isto quinze simpósios temáticos nas mais diferentes áreas e com ampla temática, com mesas-redondas, comunicações, além de palestras com pesquisadores de renome, cine-fórum, salão de pesquisa, apresentações culturais, exposições, espaços interativos, entre outras propostas. Haverá ampla oportunidade, apoiada por uma infraestrutura montada especificamente para o Congresso, de encontro, discussão, planejamento, fomentando criatividade e inovação com qualidade e aprofundamento.
Esperamos cerca de 500 participantes do Brasil, América Latina, América do Norte, Europa, África do Sul, para estar conosco no nosso belo campus, no Morro do Espelho, em São Leopoldo/RS, e região.
As inscrições para comunicações e participação abrem em março de 2014.
Seja bem-vindo, bem-vinda!
- See more at: http://est.edu.br/eventos/visualiza/ii-congresso-internacional-da-faculdades-est#sthash.B8KTFDPr.dpuf
Sabemos que esta relação não é uma relação neutra e despretensiosa. Nunca foi. Há claros interesses de toda ordem, principalmente política, econômica, social e religiosa, que determinam as condições e os impactos da relação. Ao mesmo tempo, nos meandros e nas brechas da relação, algo acontece e espaços de resistência podem ser pensados e articulados.
Tomemos como exemplo o evento da Copa da FIFA, no Brasil, que tem o elemento cultural do futebol, e que a mídia diz ser uma paixão brasileira. Em que medida o próprio futebol não se caracterizaria como uma expressão religiosa e, em que medida, a controvertida Copa do Mundo não estaria assumindo aspectos do religioso? O mesmo zelo, esforço e investimento empreendido na construção dos grandes templos medievais, no passado, são usados hoje na construção de arenas e estádios de futebol, por exemplo. Se estas suspeitas empíricas se confirmam, qual seria o impacto deste fenômeno nas religiões institucionalizadas, como a Igreja? O que tem a Teologia, enquanto voz profética, a ver com o futebol, com a Copa do Mundo e tudo o que circula em torno deste evento esportivo, cultural e midiático, mas também comercial e político?
Uma outra questão que o tema carrega. Pensar a religião na interface com a cultura e a mídia, como fenômeno cultural, não é algo novo. Queremos, portanto, mais que isto. Pensar a religião a partir da interface é reconhecer que não temos campos fechados e seguros, apolíneos, como diria Maraschin. Qualquer pensar relevante acontece justamente, dionisiacamente, na interface, na relação, nas beiradas do mundo, na margem da vida. Segundo DaMatta, é impossível pensar cultura, pelo menos no nosso contexto, de forma linear, com um princípio, um meio e um fim. Cabe-nos, sim, a tarefa de nos pensarmos como um drama, complexo, paradoxal, onde papéis se confundem e histórias e dilemas coabitam num mesmo território. O mesmo podemos dizer a respeito da religião. A mídia, parece colocar toda esta complexidade dramática no ar, virtualmente em cena. Por isso, mais do que temas relacionados, queremos pensar os temas na própria relação, nos inter-, trans- e muti-espaços do pensamento e da própria vida, na busca por respostas, sim, mas talvez, principalmente, na busca pelas melhores perguntas.
Queremos refletir estas e tantas outras questões que o tema nos faz pensar no II Congresso Internacional da EST. Organizamos para isto quinze simpósios temáticos nas mais diferentes áreas e com ampla temática, com mesas-redondas, comunicações, além de palestras com pesquisadores de renome, cine-fórum, salão de pesquisa, apresentações culturais, exposições, espaços interativos, entre outras propostas. Haverá ampla oportunidade, apoiada por uma infraestrutura montada especificamente para o Congresso, de encontro, discussão, planejamento, fomentando criatividade e inovação com qualidade e aprofundamento.
Esperamos cerca de 500 participantes do Brasil, América Latina, América do Norte, Europa, África do Sul, para estar conosco no nosso belo campus, no Morro do Espelho, em São Leopoldo/RS, e região.
As inscrições para comunicações e participação abrem em março de 2014.
Seja bem-vindo, bem-vinda!
Nenhum comentário:
Postar um comentário