terça-feira, 3 de janeiro de 2012

De santos a Maradonas: os múltiplos objetos do crer

“Entendo por crença não o objeto do crer (um dogma, um programa, etc), mas o investimento das pessoas em uma proposição, o ato de enunciá-las considerando-a verdadeira – noutros termos, uma modalidade da afirmação e não o seu conteúdo”. Michel de CerteauDias atrás fui incitada a ver um filme que dialoga com amores e devoções: O Caminho de San Diego ( 2006). Mais do que uma obra sobre a devoção argentina por Diego Armando Maradona, o filme retrata com sutileza, respeito e consistência elementos que os estudiosos das religiões e religiosidades discutem há tempos. A história narra a paixão de Tati pelo jogador Maradona, uma paixão que extrapola o usual pela sua profundidade e agudeza. O nome da obra refere-se ao longo caminho (depurador??) realizado por Tati para entregar um outro símbolo de devoção ao próprio jogador quando de sua internação e complicações de saúde.
Maradona, o número 10, o clube Boca Juniors, os espaços em que transita e vivia tornam-se, para muitos dos seus seguidores e admiradores, locais de culto e devoção, como também de mortificação em prol de sua cura.
Caminho de San Diego nos instiga a refletir sobre os meandros do crer, sobre as consistências e inconsistências que levam homens e mulheres a atitudes tidas como exageradas em prol do que acreditam ser correto, verdadeiro, legítimo e, porque não, imprescindível.
Fica a dica. Abaixo a ficha técnica.
Gizele Zanotto (PPGH/UPF)

O CAMINHO DE SAN DIEGO
(El Camino de San Diego, 2006)
A ação acontece na selva do noroeste argentino. Ali, em uma cabana precária, vive Tati Benítez (Ignacio Benítez) com sua família. Tati perdeu seu trabalho e ajuda Silva (Miguel González Colman), um velho escultor para quem busca troncos, ramas e raízes que podem servi-lhe para fazer suas obras. Em troca recebe uma porcentagem pelas vendas que conseguir realizar entre os poucos turistas que chegam ao mercado da cidade vizinha. Como a maioria dos argentinos, Tati tem adoração por Diego Armando Maradona. As paredes de sua casa estão cobertas de fotos de seu ídolo, e guarda, como o tesouro mais precioso, o ingresso do jogo em que o viu em plena ação. Apesar de sua dramática situação econômica, Tati não perde seu espírito jovial. Além disso tem outra razão para seu otimismo: encontrou uma gigantesca raiz de timbó (uma árvore típica da região) com uma silhueta que ele acha parecida a Maradona, a qual tentará entregar pessoalmente a Diego. A notícia do ingresso de Diego na Clínica Suíço - Argentina de Buenos Aires por um problema cardíaco é motivo suficiente para que Tati inicie assim sua grande aventura."

CURIOSIDADES
- Do mesmo diretor de A Janela e O Cachorro.
PRÊMIOS
- Prêmio Especial do Júri e indicado ao Golden Seashell do Festival de San Sebastian em 2006
FICHA TÉCNICA
Diretor: Carlos Sorin
Elenco: Ignacio Benítez, Carlos Wagner La Bella, Paola Rotela, Silvina Fontelles, Miguel González Colman, José Armónico, Toti Rivas, Marisa Córdoba
Produção: Óscar Kramer, Hugo Sigman
Roteiro: Carlos Sorin
Fotografia: Hugo Colace
Trilha Sonora: Nicolás Sorin
Duração: 98 min.
Ano: 2006
País: Argentina
Gênero: Comédia
Cor: Colorido
Distribuidora: Não definidaFonte: http://www.cineclick.com.br/filmes/ficha/nomefilme/o-caminho-de-san-diego/id/16561

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