Do diretor francês Xavier Beauvois, nascido em 1967, o filme narra a história (real) vivida por oito monges trapistas, no Mosteiro de Atlas, nas montanhas da Argélia, onde uma sangrenta guerra civil compõe o momento político e social do país.
O filme começa com o Salmo 81, no sentido de invocar uma justiça divina, que liberte a alma humana das intrigas da maldade: Eu disse: sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo. No entanto, como seres humanos, morrereis e, como qualquer dos príncipes, caíreis.
As cenas iniciais, então, mostram, sem nenhuma pressa, o local onde vivem oito monges cristãos, cercados por uma comunidade muçulmana, muito simples e pobre, e em visível harmonia. Frei Christian (Lambert Wilson), eleito como a autoridade do Mosteiro, anteriormente, foi um soldado francês que lutou durante a libertação da Argélia, ao lado da França. Esse ex-soldado e, agora monge, fala árabe e também lê e estuda o Corão.
O pavor e o medo surgem quando terroristas avançam e operários croatas são brutalmente assassinados, numa zona localizada bem perto daquela comunidade. Ao contrário dos demais habitantes, porém, os monges podem contar com diversas opções: aceitar a proteção militar, ficar ou ir embora para a França.
Os monges, que não buscam converter muçulmanos, mas sentem-se parte daquela comunidade, não professam o martírio em sua doutrina. A decisão a ser tomada, no entanto, não é nada fácil para eles; se as dúvidas afloram, a fé também. Sentimentos de súplica e lamentação, tomam forma ao cantarem o salmo 142 (3). Mesmo assim, decidem ficar.
A conseqüência da decisão tomada, então, surge na cena final que, aliás, se contrapõe sobremaneira as imagens coloridas apresentadas no início e durante o filme; agora, é o domínio do gélido e da paisagem fria, encoberta cada vez mais por uma névoa densa que vai apagando as imagens na tela, indicando a morte silenciosa do monges, reféns de um grupo terrorista que não conseguiu negociar com a França.
Os oito monges trapistas discutem sobre que decisão tomar diante da situação
O QUE FICA DEPOIS DA NÉVOA...
A constatação de uma trilha sonora, composta apenas pelos cantos gregorianos que, cantados pelos monges, é a expressão do momento interno e externo vivenciado. Num dos ultimos salmos cantados, inclusive, o já citado 142 (3), sente-se claramente a situação desesperadora e solitária em que estão, restando apenas encontrar uma resposta através da fé. Um outro espaço onde a música se faz presente, relembra a Ultima Ceia: cena extremamente bela e triste, sem nenhuma fala oral, quando ao som do Lago dos Cisnes, de Tchaikovski, rostos cujos olhos e bocas sorriem, choram, indagam, e refletem sobre o mistério da morte e da fé.
Apesar de tudo, talvez, a principal mensagem dessa história contada, principalmente, por Christian e Beauvois, seja a possibilidade real de conviver em paz com o outro, mesmo esse outro professando uma crença aparentemente diferente. Isso, porém, não se dá com simplificações que massificam e generalizam.
O filme começa com o Salmo 81, no sentido de invocar uma justiça divina, que liberte a alma humana das intrigas da maldade: Eu disse: sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo. No entanto, como seres humanos, morrereis e, como qualquer dos príncipes, caíreis.
As cenas iniciais, então, mostram, sem nenhuma pressa, o local onde vivem oito monges cristãos, cercados por uma comunidade muçulmana, muito simples e pobre, e em visível harmonia. Frei Christian (Lambert Wilson), eleito como a autoridade do Mosteiro, anteriormente, foi um soldado francês que lutou durante a libertação da Argélia, ao lado da França. Esse ex-soldado e, agora monge, fala árabe e também lê e estuda o Corão.
O pavor e o medo surgem quando terroristas avançam e operários croatas são brutalmente assassinados, numa zona localizada bem perto daquela comunidade. Ao contrário dos demais habitantes, porém, os monges podem contar com diversas opções: aceitar a proteção militar, ficar ou ir embora para a França.
Os monges, que não buscam converter muçulmanos, mas sentem-se parte daquela comunidade, não professam o martírio em sua doutrina. A decisão a ser tomada, no entanto, não é nada fácil para eles; se as dúvidas afloram, a fé também. Sentimentos de súplica e lamentação, tomam forma ao cantarem o salmo 142 (3). Mesmo assim, decidem ficar.
A conseqüência da decisão tomada, então, surge na cena final que, aliás, se contrapõe sobremaneira as imagens coloridas apresentadas no início e durante o filme; agora, é o domínio do gélido e da paisagem fria, encoberta cada vez mais por uma névoa densa que vai apagando as imagens na tela, indicando a morte silenciosa do monges, reféns de um grupo terrorista que não conseguiu negociar com a França.
Os oito monges trapistas discutem sobre que decisão tomar diante da situação
O QUE FICA DEPOIS DA NÉVOA...
A constatação de uma trilha sonora, composta apenas pelos cantos gregorianos que, cantados pelos monges, é a expressão do momento interno e externo vivenciado. Num dos ultimos salmos cantados, inclusive, o já citado 142 (3), sente-se claramente a situação desesperadora e solitária em que estão, restando apenas encontrar uma resposta através da fé. Um outro espaço onde a música se faz presente, relembra a Ultima Ceia: cena extremamente bela e triste, sem nenhuma fala oral, quando ao som do Lago dos Cisnes, de Tchaikovski, rostos cujos olhos e bocas sorriem, choram, indagam, e refletem sobre o mistério da morte e da fé.
Apesar de tudo, talvez, a principal mensagem dessa história contada, principalmente, por Christian e Beauvois, seja a possibilidade real de conviver em paz com o outro, mesmo esse outro professando uma crença aparentemente diferente. Isso, porém, não se dá com simplificações que massificam e generalizam.
Por Eliane Silva/PUCRS